O cérebro reptiliano e as empresas
- Patrícia NunesTavares
- 6 de dez. de 2018
- 2 min de leitura
Já ouviu falar no cérebro reptiliano? Não? Vou te explicar, acho fundamental a compreensão para facilitar sua sobrevivência na selva…
Paul Maclean, na década de 60, desenvolveu a teoria do cérebro trino, baseada na ideia de três diferentes cérebros que surgiram em momentos distintos da evolução. Vamos a eles!
Cérebro reptiliano ou também chamado Complexo R: seria a estrutura mais instintiva, responsável pelas decisões mais inconscientes, com a finalidade de satisfazer as necessidades básicas: reprodução, dominação, autodefesa, medo, fome, fuga. Também é responsável pelos processos automáticos de respiração e batimentos cardíacos. É uma estrutura confiável, mas tende a ser um tanto rígida e compulsiva. Sabe aquela cara feia que você faz quando uma reunião avança no seu horário de almoço, e você está morrendo de fome! Está sob o controle do cérebro reptiliano.
Cérebro paleomamífero ou sistema límbico: é a parte do cérebro responsável pelos sentimentos e emoções. É onde se baseiam os nossos julgamentos de valores, e que exercem uma forte influencia em nosso comportamento. Aquela pessoa no escritório que você não conhece mas não vai com a cara, coresponsabilidade do sistema límbico!
Cérebro neomamífero ou neocórtex: é a parte lógica, racional. Responsável pelo desenvolvimento da linguagem, do pensamento abstrato, da imaginação e da consciência. É flexível e tem infinitas possibilidades de aprendizagem. Quando você faz aquela planilha, espera-se que esteja sob o controle do neocórtex.
Há alguns anos tive um episódio em que fui invadida pelo poder do cérebro reptiliano, o que resultou no famoso “burnout”. Não conhecia essa síndrome, mas fui fulminantemente apresentada aos seus sintomas, não recomendo a ninguém. Indesejável presença. Mas hoje lembrando, vejo que fui invadida pelo complexo R. Minha vida passou a ter um sentido mais instintivo, de sobrevivência, dentro e fora da empresa. Acordava no meio da noite com fantasias de que meus colegas de trabalho estavam contra mim, como numa guerra.
Durante o dia, no escritório, tinha a sensação de que todas as minha conversas particulares estavam sendo gravadas. Era muito ruim para ser verdade, mas era. Era condizente com a minha consciência na época, completamente imersa no complexo R. Levei quase um ano para me recuperar, perdi quase um ano da minha vida.
Hoje fico pensando quantas pessoas não estão passando por isso em silêncio dentro das empresas. Completamente congeladas por medo e o pior, sem coragem para fugir, porque “dependem” daquele emprego. E se de um lado tem uma pessoa acuada do outro lado com certeza tem uma pessoa que oprime. Com certeza! Mas está tudo certo, ambas desempenham o melhor que podem, de acordo com a consciência que tem.

Eu aqui estou cada vez melhor, cada vez mais forte, com a certeza de que nunca mais serei invadida pelo cérebro reptiliano, em nenhum lugar, em nenhuma empresa. A vida vai muito além dessa estrutura e existem infinitas possibilidades. Não se acomode em uma das possíveis oportunidades.
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